quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Corpos Estranhos: Nariz e Garganta

Nariz
Corpos estranhos no nariz também ocorrem com mais freqüência
em crianças; geralmente causam dor, crises de espirro e coriza. Podem
resultar em irritação se não forem removidos imediatamente.
Insetos podem se alojar nas narinas de crianças e adultos,
indiferentemente. Não usar instrumentos como pinça, tesoura, grampo
ou similar.
A conduta correta é comprimir com o dedo a narina não obstruída
e pedir o acidentado para assoar, sem forçar, pela narina obstruída.
Normalmente este procedimento ajuda a expelir o corpo estranho. Se o
corpo estranho não puder sair com facilidade, devemos procurar auxílio
médico imediatamente.
Manter a vítima calma, cuidando para que não inale o
corpo estranho. Não permitir que a vítima assoe com
violência. A vítima deverá aspirar calmamente pela boca,
enquanto se aplicam as manobras para expelir o corpo
estranho.

Garganta
A penetração de um corpo estranho na garganta pode constituir
um problema de proporções muito graves.
Geralmente as pessoas engasgam-se com moedas, pequenos objetos,
próteses dentárias, espinhas de peixe, ossos de galinha e outros alimentos
e até mesmo com saliva.
Antes de qualquer coisa, o acidentado deve ser tranqüilizado, fazer
com que respire o mais normalmente possível sem entrar em pânico. Isto
é muito importante, pois qualquer pessoa que engasga, seja com o que
for, tende a ficar nervosa, entrar em pânico e termina por perder o controle
da respiração, o que pode ser desastroso.
Depois de tranqüilizar o acidentado e fazer com que respire
normalmente, identificar o tipo de objeto que causou o engasgo. Passar
imediatamente a aplicar as técnicas para expelir o corpo estranho. As
principais técnicas recomendadas são: tapotagem, compressão torácica e
compressão abdominal.

Tapotagem
A tapotagem deverá ser aplicada se o acidentado estiver tranqüilo e
não estiver se sufocando. Esta técnica consiste em aplicar uma série de
pancadas no dorso do acidentado. As pancadas são dadas com a mão em
concha. A tapotagem pode ser aplicada com o acidentado sentada, em pé
ou deitada (Quadro XI).

Quadro XI - Tapotagem
Estes procedimentos normalmente deverão liberar o corpo estranho,
fazendo com que o próprio acidentado jogue-o para fora naturalmente.
Todavia, se não funcionar após as primeiras tentativas, poderemos introduzir
dois dedos, com pinça, até conseguir alcançar e remover o objeto.

Fonte: Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro.Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Corpos Estranhos - Olhos e Ouvidos

Introdução
A penetração de corpos estranhos no corpo humano é um tipo de
acidente muito comum e pode ocorrer nas circunstâncias mais inesperadas.
Vários tipos de objetos estranhos ao nosso corpo podem penetrar
acidentalmente nos olhos, ouvidos, nariz e garganta. São pequenas
partículas, de variada origem e constituição física que, muitas vezes, apesar
de aparentemente inofensivas devido ao tamanho, podem causar danos
físicos e desconforto sério.
É importante o rápido reconhecimento do corpo estranho que tenha
penetrado no corpo (Quadro X). Em todos os casos de atendimento é
preciso agir com precisão, manter a calma e tranqüilizar o acidentado. O
conhecimento e a serenidade sobre o que está fazendo são fundamentais
para o trabalho de primeiros socorros.

Olhos
Os olhos são os órgãos que estão mais em contato com o trabalho
e, portanto, mais susceptíveis de receber corpos estranhos.
Qualquer corpo estranho que penetre ou respingue nos olhos de uma pessoa constitui um acidente doloroso, e muitas vezes, de conseqüências desastrosas.
A atividade de quem for prestar os primeiros socorros na remoção
de corpos estranhos dos olhos de um acidentado deve-se limitar
exclusivamente às manobras que serão explicadas a frente. O uso de
instrumentos como agulhas, pinças, ou outros semelhantes só podem ser
utilizados por profissional de saúde.
Todo cuidado é pouco nas manobras de remoção de corpos
estranhos dos olhos. Qualquer atendimento mal feito ou descuidado pode
provocar lesões perigosas na córnea, conjuntiva e esclerótica.
Primeiros Socorros
A primeira coisa a ser feita ao se atender um acidentado que reclame
de corpo estranho no olho é procurar reconhecer o objeto e localizá-lo
visualmente. Em seguida, pede-se à vítima que feche e abra os olhos
repetidamente para permitir que as lágrimas lavem os olhos e,
possivelmente, removam o corpo estranho.

*****
Muitas vezes a natureza e o local de alojamento do corpo
estranho não permitem o lacrimejar, pois pode provocar
dor intensa e até mesmo lesão de córnea, nestes casos não
se deve insistir para a vítima pestanejar. Se for possível,
lave o olho com água corrente. Se o corpo estranho não
sair, o olho afetado deve ser coberto com curativo
oclusivo e a vítima encaminhada para atendimento
especializado.
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Muitas vezes o corpo estranho está localizado na superfície do olho,
especialmente na córnea e na conjuntiva palpebral superior.
O corpo estranho localizado na córnea não deverá ser retirado. O
procedimento a ser adotado é o seguinte:
· Manter o acidentado calmo e tranqüilo. Manter-se calmo.
· Não retirar qualquer objeto que esteja na córnea.
· Não tocar no olho do acidentado nem deixar que ela o faça.
· Não tocar no objeto.
· Encaminhar o acidentado para atendimento especializado, se
possível com uma compressa de gaze, lenço ou pano limpo cobrindo o
olho afetado sem comprimir, fixando sem apertar. A próprio acidentado
poderá ir segurando a compressa.
Se o corpo estranho não estiver na córnea, ele pode ser procurado
na pálpebra inferior. Se estiver lá, pode-se removê-lo com cuidado, procedendo
da seguinte maneira:
· Lavar bem as mãos com água e sabão.
· Tentar primeiramente remover o objeto com as lágrimas, conforme
instruído anteriormente.
· Se não sair, podem-se usar hastes flexíveis com ponta de algodão
ou a ponta limpa de um lenço retorcido (Figura 53).
· Enquanto puxa-se a pálpebra para baixo, retira-se o objeto
cuidadosamente.
Se o objeto estiver na pálpebra superior será necessário fazer a
eversão da pálpebra para localizá-lo e removê-lo, com explicado a seguir:
· Levantar a pálpebra superior, dobrando-a sobre um cotonete ou
palito de fósforo.
· Quando o objeto aparecer, removê-lo com o auxílio de outro
cotonete ou ponta de tecido ou de lenço limpo, retorcido.
· Se houver risco de lesão ou dor excessiva, suspender a manobra e
encaminhar para socorro especializado.
· Ao encaminhar o acidentado para atendimento especializado, devese
cobrir o olho afetado com gaze ou pano limpo.



Qualquer líquido que atingir o olho deve ser removido imediatamente.
O olho deve ser lavado em água corrente de uma pia, ou no jato de água
corrente feito com a mão espalmada sob a torneira.
Em muitos laboratórios existe o chuveiro lava-olhos para onde o
acidentado deverá ser levado, sempre que possível.
Uma alternativa para estas opções é fazer com que o acidentado
mantenha o rosto, com o olho afetado, debaixo d'água, mandando-a abrir
e fechar repetidamente o olho.
Qualquer procedimento de lavagem de olhos para retirada
de líquido estranho deverá ser feito no mínimo por 15 minutos.
Não se pode perder tempo procurando saber que tipo de líquido
caiu no olho do acidentado. Providenciar a lavagem imediatamente. Após
a lavagem, com o olho coberto por gaze, o acidentado deve ser
encaminhado para socorro especializado.
A falta de atendimento e posterior tratamento adequado
nos casos de corpos estranhos oculares pode, em
determinadas circunstâncias, causar graves problemas aos olhos.
Estes problemas podem ir desde dificuldades óticas
corrigíveis com lentes, até a perda da visão ou mesmo do
próprio olho.
Um corpo estranho no olho, além de conduzir
microrganismos, pode causar abrasão na superfície da
córnea que pode vir a infeccionar e causar desde uma
úlcera da córnea até panoftalmite (inflamação do olho);
muitas vezes uma vítima reclama da presença de um
corpo estranho no olho, que não é encontrado.
O corpo estranho pode já ter saído, mas causou abrasão da
córnea. O encaminhamento ao médico para prova de
fluoresceína deve ser imediato nestes casos.

Ouvidos
Corpos estranhos podem penetrar acidentalmente também nos
ouvidos, especialmente na área correspondente ao conduto auditivo
externo. Estes acidentes são mais comuns com crianças.
Insetos, sementes, grãos de cereais e pequenas pedras podem se
alojar no ouvido externo. Muitas vezes, cerume endurecido é confundido
com um corpo estranho. Ele causa perturbação na função auditiva e
desconforto.
Devemos determinar com a maior precisão possível a natureza do
corpo estranho. Todos os procedimentos de manipulação de corpo estranho
no ouvido devem ser realizados com extrema cautela. Erros de conduta e
falta de habilidade na realização de primeiros socorros podem ocasionar
danos irreversíveis à membrana timpânica com conseqüente prejuízo da
audição, temporário ou permanente.
Não usar qualquer instrumento na tentativa de remover
corpo estranho do ouvido. Não se usam pinças, tesouras,
palitos, grampos, agulhas, alfinetes. O uso de instrumentos
é atribuição particular de pessoal especializado. A
improvisação geralmente resulta em desastres
irreversíveis. Devido à sua posição totalmente exposta, o
ouvido externo está freqüentemente sujeito a lesões como
contusões, cortes, feridas, queimaduras por calor e por
frio. A contusão do pavilhão auricular geralmente provoca
hemorragia subcutânea e subpericondral. O hematoma, ou
otohematoma, que resulta desta hemorragia tem a
aparência de um inchaço rígido que compromete toda a
orelha, exceto o lóbulo. Devem-se aplicar compressas com
bandagens e encaminhar para atendimento especializado.
Primeiros Socorros
O acidentado com objeto estranho no ouvido deve ser deitado de
lado com o ouvido afetado para cima. Se o objeto for visível, pode-se
tentar retirá-lo delicadamente para não forçá-lo mais para dentro, com as
pontas dos dedos. Se o objeto não sair ou houver risco de penetrar mais,
deve-se procurar socorro especializado.
É comum insetos vivos alojarem-se no ouvido. Nestes casos uma
manobra que tem dado resultado é acender uma lanterna em ambiente escuro, bem próximo ao ouvido. A atração da luz trará o inseto para fora.

Fonte: Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro.Fundação Oswaldo Cruz, 2003.