sábado, 12 de novembro de 2011

Estado de Choque

O choque é um complexo grupo de síndromes cardiovasculares
agudas que não possui, uma definição única que compreenda todas as
suas diversas causas e origens. Didaticamente, o estado de choque se dá
quando há mal funcionamento entre o coração, vasos sangüíneos (artérias
ou veias) e o sangue, instalando-se um desequilíbrio no organismo.
O choque é uma grave emergência médica. O correto atendimento
exige ação rápida e imediata. Vários fatores predispõem ao choque. Com a
finalidade de facilitar a análise dos mecanismos, considera-se especialmente
para estudo o choque hipovolêmico, por ter a vantagem de apresentar
uma seqüência bem definida. Há vários tipos de choque:
Choque Hipovolêmico
É o choque que ocorre devido à redução do volume intravascular
por causa da perda de sangue, de plasma ou de água perdida em diarréia
e vômito.
Choque Cardiogênico
Ocorre na incapacidade de o coração bombear um volume de sangue
suficiente para atender às necessidades metabólicas dos tecidos.
Choque Septicêmico
Pode ocorrer devido a uma infecção sistêmica.
Choque Anafilático
É uma reação de hipersensibilidade sistêmica, que ocorre quando
um indivíduo é exposto a uma substância à qual é extremamente alérgico.
Choque Neurogênico
É o choque que decorre da redução do tônus vasomotor normal
por distúrbio da função nervosa. Este choque pode ser causado, por
exemplo, por transecção da medula espinhal ou pelo uso de medicamentos,
como bloqueadores ganglionares ou depressores do sistema nervoso central.
O reconhecimento da iminência de choque é de importância vital
para o salvamento da vítima, ainda que pouco possamos fazer para reverter
a síndrome. Muitas vezes é difícil este reconhecimento, mas podemos
notar algumas situações predisponentes ao choque e adotar condutas
para evitá-lo ou retardá-lo. De uma maneira geral, a prevenção é
consideravelmente mais eficaz do que o tratamento do estado de choque.
O choque pode ser provocado por várias causas, especialmente de
origem traumáticas. Devemos ficar sempre atentos à possibilidade de
choque, pois a grande maioria dos acidentes e afecções abordadas neste
manual pode gerar choque, caso não sejam atendidos corretamente.

Causas Principais do Estado de Choque
· Hemorragias intensas (internas ou externas)
· Infarto
· Taquicardias
· Bradicardias
· Queimaduras graves
· Processos inflamatórios do coração
· Traumatismos do crânio e traumatismos graves de tórax e abdômen
· Envenenamentos
· Afogamento
· Choque elétrico
· Picadas de animais peçonhentos
· Exposição a extremos de calor e frio
· Septicemia

 No ambiente de trabalho, todas as causas citadas acima podem
ocorrer, merecendo especial atenção os acidentes graves com hemorragias
extensas, com perda de substâncias orgânicas em prensas, moinhos,
extrusoras, ou por choque elétrica, ou por envenenamentos por produtos
químicos, ou por exposição a temperaturas extremas.
 
Sintomas
A vítima de estado de choque ou na iminência de entrar em choque
apresenta geralmente os seguintes sintomas:
· Pele pálida, úmida, pegajosa e fria. Cianose (arroxeamento) de extremidades, orelhas, lábios e pontas dos dedos.
· Suor intenso na testa e palmas das mãos.
· Fraqueza geral.
· Pulso rápido e fraco.
· Sensação de frio, pele fria e calafrios.
· Respiração rápida, curta, irregular ou muito difícil.
· Expressão de ansiedade ou olhar indiferente e profundo com pupilas dilatadas, agitação.
· Medo (ansiedade).
· Sede intensa.
· Visão nublada.
· Náuseas e vômitos.
· Respostas insatisfatórias a estímulos externos.
· Perda total ou parcial de consciência.
· Taquicardia
 
Prevenção do Choque
Algumas providências podem ser tomadas para evitar o estado de
choque. Mas infelizmente não há muitos procedimentos de primeiros
socorros a serem tomados para tirar a vítima do choque.
Existem algumas providências que devem ser memorizadas com o
intuito permanente de prevenir o agravamento e retardar a instalação do
estado de choque.
DEITAR A VÍTIMA: A vítima deve ser deitada de costas. Afrouxar as
roupas da vítima no pescoço, peito e cintura e, em seguida, verificar se há
presença de prótese dentária, objetos ou alimento na boca e os retirar.
Os membros inferiores devem ficar elevados em relação ao corpo.
Isto pode ser feito colocando-os sobre uma almofada, cobertor dobrado
ou qualquer outro objeto. Este procedimento deve ser feito apenas se não
houver fraturas desses membros; ele serve para melhorar o retorno
sanguíneo e levar o máximo de oxigênio ao cérebro. Não erguer os membros inferiores da vítima a mais de 30 cm do solo. No caso de ferimentos no
tórax que dificultem a respiração ou de ferimento na cabeça, os membros
inferiores não devem ser elevados.
No caso de a vítima estar inconsciente, ou se estiver consciente,
mas sangrando pela boca ou nariz, deitá-la na posição lateral de segurança
(PLS), para evitar asfixia, conforme demonstrado na Figura

RESPIRAÇÃO: Verificar quase que simultaneamente se a vítima respira.
Deve-se estar preparado para iniciar a respiração boca a boca, caso a
vítima pare de respirar.
PULSO: Enquanto as providências já indicadas são executadas,
observar o pulso da vítima.No choque o pulso da vítima apresenta-se rápido
e fraco (taquisfigmia).
CONFORTO: Dependendo do estado geral e da existência ou não de
fratura, a vítima deverá ser deitada da melhor maneira possível. Isso significa
observar se ela não está sentindo frio e perdendo calor. Se for preciso, a
vítima deve ser agasalhada com cobertor ou algo semelhante, como uma
lona ou casacos.
TRANQUILIZAR A VÍTIMA: Se o socorro médico estiver demorando,
tranqüilizar a vítima, mantendo-a calma sem demonstrar apreensão quanto
ao seu estado. Permanecer em vigilância junto à vítima para dar-lhe
segurança e para monitorar alterações em seu estado físico e de
consciência.
Em todos os casos de reconhecimento dos sinais e
sintomas de estado de choque, providenciar
imediatamente assistência especializada. A vítima vai
necessitar de tratamento complexo que só pode ser feito
por profissionais e recursos especiais para intervir nestes
casos.


Fonte: Manual de Primeiros Socorros. Fundação Oswaldo Cruz. 2003

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