sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Funções, Sinais Vitais e de Apoio

 A atividade de primeiros socorros pressupõe o conhecimento dos
sinais que o corpo emite e servem como informação para a determinação
do seu estado físico.
Alguns detalhes importantes sobre as funções vitais, os sinais vitais
e sinais de apoio do corpo humano precisam ser compreendidos.
Funções Vitais
Algumas funções são vitais para que o ser humano permaneça vivo.
São vitais as funções exercidas pelo cérebro e pelo coração. Mas para
exercerem suas funções, estes órgãos executam trabalhos físicos e químicos,
transformando a própria vida em uma macro-representação das atividades
da menor unidade funcional do corpo: a célula.
Cada tecido é constituído por células, e é da vida delas que depende
a vida dos seres vivos. As células tiram nutrientes para sua vida diretamente
do meio onde se encontram, devolvendo para este mesmo ambiente os produtos finais de sua atividade metabólica. A captação e liberação destas
substâncias são reguladas pela membrana plasmática, cuja permeabilidade
seletiva e mecanismo de transporte ativo permitem à célula trocar com o
meio somente o que deve ser trocado. Muitos processos dependem de
um adequado diferencial de concentração entre o interior e exterior da
célula.
Para permitir igualdade nas concentrações dos componentes do
líquido intersticial, os tecidos do organismo são percorridos por uma densa
rede de vasos microscópicos, que são chamados de capilares.
O sangue que chega aos capilares traz nutrientes e oxigênio que são
passados continuamente para os tecidos. O sangue arterial é rico em
nutrientes. O sangue venoso é mais pobre e transporta gás carbônico e
catabólitos.
O sangue não se deteriora graças à atividade de órgãos vitais como
os pulmões, rins e aparelho digestivo, que permanentemente
recondicionam o sangue arterial. Os rins participam do mecanismo de
regulação do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico e na eliminação de
substâncias tóxicas.
O aparelho digestivo incrementa o teor sanguíneo de substratos
orgânicos, íons e outros agentes metabólicos, como as vitaminas, por
exemplo. O fígado age como órgão sintetizador e como modificador da
composição do sangue, participando nos mecanismos da excreção de
substâncias tóxicas.
Os pulmões e a porção condutora do aparelho respiratório têm como
função principal fornecer oxigênio e remover dióxido de carbono resultante
da reação de combustão nas células. O pulmão não é apenas um órgão
respiratório. Ele desempenha uma função importante no equilíbrio térmico
e no equilíbrio ácido-básico. Os movimentos ventilatórios são controlados
pelo Sistema Nervoso Central e estão parcialmente sob nossa vontade. A
respiração, no entanto, é um mecanismo involuntário e automático.
As funções vitais do corpo humano são controladas pelo Sistema
Nervoso Central, que é estruturado por células muito especializadas,
organizadas em alto grau de complexidade estrutural e funcional. Estas
células são muito sensíveis à falta de oxigênio, cuja ausência provoca
alterações funcionais. Conforme será advertido outras vezes neste manual,
chamamos a atenção para que se perceba que:
O prolongamento da hipóxia (falta de ar) cerebral
determina a morte do Sistema Nervoso Central e com isto
a falência generalizada de todos os mecanismos da vida,
em um tempo de aproximadamente três minutos.

Para poder determinar em nível de primeiro socorro, como leigo, o
funcionamento satisfatório dos controles centrais dos mecanismos da vida,
é necessário compreender os sinais indicadores chamados de sinais vitais.
Sinais Vitais
Sinais vitais são aqueles que indicam a existência de vida. São reflexos
ou indícios que permitem concluir sobre o estado geral de uma pessoa. Os
sinais sobre o funcionamento do corpo humano que devem ser
compreendidos e conhecidos são:
· Temperatura,
· Pulso,
· Respiração,
· Pressão arterial.
Os sinais vitais são sinais que podem ser facilmente percebidos,
deduzindo-se assim, que na ausência deles, existem alterações nas funções
vitais do corpo.
Temperatura Corporal
A temperatura resulta do equilíbrio térmico mantido entre o ganho
e a perda de calor pelo organismo. A temperatura é um importante indicador
da atividade metabólica, já que o calor obtido nas reações metabólicas se
propaga pelos tecidos e pelo sangue circulante.
A temperatura do corpo humano está sujeita a variações individuais
e a flutuações devido a fatores fisiológicos como: exercícios, digestão,
temperatura ambiente e estado emocional (Quadro I). A avaliação diária
da temperatura de uma pessoa em perfeito estado de saúde nunca é maior
que um grau Celsius, sendo mais baixa pela manhã e um pouco elevada no
final da tarde. Existe pequena elevação de temperatura nas mulheres após
a ovulação, no período menstrual e no primeiro trimestre da gravidez.
Nosso corpo tem uma temperatura média normal que varia de 35,9
a 37,2ºC. A avaliação da temperatura é uma das maneiras de identificar o
estado de uma pessoa, pois em algumas emergências a temperatura muda
muito.
O sistema termorregulador trabalha estimulando a perda de calor
em ambientes de calor excessivo e acelerando os fenômenos metabólicos
no frio para compensar a perda de calor. Graças a isto, o homem é um ser
homeotérmico que, ao contrário de outros animais, mantêm a temperatura
do corpo constante a despeito de fatores externos.
 

Perda de Calor
O corpo humano perde calor através de vários processos que podem
ser classificados da seguinte maneira:
Eliminação - fezes, urina, saliva, respiração.
Evaporação - a evaporação pela pele (perda passiva) associada à
eliminação permitirá a perda de calor em elevadas temperaturas.
Condução - é a troca de calor entre o sangue e o ambiente. Quanto
maior é a quantidade de sangue que circula sob a pele maior é a troca de
calor com o meio. O aumento da circulação explica o avermelhamento da
pele (hipermia) quando estamos com febre.
Verificação da Temperatura
Oral ou bucal - Temperatura média varia de 36,2 a 37ºC. O
termômetro deve ficar por cerca de três minutos, sob a língua, com o
paciente sentado, semi-sentado (reclinado) ou deitado.
Não se verifica a temperatura de vítimas inconscientes, crianças
depois de ingerirem líquidos (frios ou quentes) após a extração dentária
ou inflamação na cavidade oral.
Axilar - Temperatura média varia de 36 a 36,8ºC. A via axilar é a mais
sujeita a fatores externos. O termômetro deve ser mantido sob a axila
seca, por 3 a 5 minutos, com o acidentado sentada, semi-sentada (reclinada)
ou deitada.
Não se verifica temperatura em vítimas de queimaduras no tórax,
processos inflamatórios na axila ou fratura dos membros superiores.
Retal - Temperatura média varia de 36,4 a 37,ºC. O termômetro deverá
ser lavado, seco e lubrificado com vaselina e mantido dentro do reto por 3
minutos com o acidentado em decúbito lateral, com a flexão de um membro
inferior sobre o outro.
Não se verifica a temperatura retal em vítimas que tenham tido
intervenção cirúrgica no reto, com abscesso retal ou perineorrafia.
A verificação da temperatura retal é a mais precisa, pois é a que
menos sofre influência de fatores externos.

Febre
A febre é a elevação da temperatura do corpo acima da média normal.
Ela ocorre quando a produção de calor do corpo excede a perda.
Tumores, infecções, acidentes vasculares ou traumatismos podem afetar
diretamente o hipotálamo e com isso perturbar o mecanismo de regulagem
de calor do corpo. Portanto, a febre deve ser vista também como um sinal
que o organismo emite. Um sinal de defesa.
Devemos lembrar que pessoas imunodeprimidas podem ter infecções
graves e não apresentarem febre.
A vítima de febre apresenta a seguinte sintomatologia:
· Inapetência (perda de apetite)
· Mal estar
· Pulso rápido
· Sudorese
· Temperatura acima de 40 graus Celsius
· Respiração rápida
· Hiperemia da pele
· Calafrios
· Cefaléia (dor de cabeça)
Primeiros Socorros para Febre
Aplicar compressas úmidas na testa, cabeça, pescoço, axilas e virilhas
(que são as áreas por onde passam os grandes vasos sanguíneos).
Quando o acidentado for um adulto, submetê-la a um banho frio
ou cobri-la com coberta fria. Podem ser usadas compressas frias aplicadas
sobre grandes estruturas vasculares superficiais quando a temperatura
corporal está muito elevada.
O tratamento básico da febre deve ser dirigido para as suas causas,
mas em primeiros socorros isto não é possível, pois o leigo deverá
preocupar-se em atender os sintomas de febre e suas complicações. Drogas
antipiréticas como aspirina, dipirona e acetaminofen são muito eficientes
na redução da febre que ocorre devido a afecções no centro
termorregulador do hipotálamo, porém só devem ser usadas após o
diagnóstico.
Devemos salientar que os primeiros socorros em casos febris só
devem ser feitos em temperaturas muito altas (acima de 400C), por dois
motivos já vistos:
­ a febre é defesa orgânica (é o organismo se defendendo de alguma
causa) e o tratamento da febre deve ser de suas causas.
Pulso
O pulso é a onda de distensão de uma artéria transmitida pela pressão
que o coração exerce sobre o sangue. Esta onda é perceptível pela palpação
de uma artéria e se repete com regularidade, segundo as batidas do
coração.
Existe uma relação direta entre a temperatura do corpo e a freqüência
do pulso. Em geral, exceto em algumas febres, para cada grau de aumento
de temperatura existe um aumento no número de pulsações por minuto
(cerca de 10 pulsações).
O pulso pode ser apresentado variando de acordo com sua
freqüência, regularidade, tensão e volume.
a) Regularidade (alteração de ritmo)
Pulso rítmico: normal
Pulso arrítmico: anormal
b) Tensão
c) Freqüência - Existe uma variação média de acordo com a idade
como pode ser visto no Quadro II abaixo.
 
 d) Volume - Pulso cheio: normal
Pulso filiforme (fraco): anormal
A alteração na freqüência do pulso denuncia alteração na quantidade
de fluxo sanguíneo.
As causas fisiológicas que aumentam os batimentos do pulso são:
digestão, exercícios físicos, banho frio, estado de excitação emocional e
qualquer estado de reatividade do organismo.
No desmaio / síncope as pulsações diminuem.
Através do pulso ou das pulsações do sangue dentro do corpo, é
possível avaliar se a circulação e o funcionamento do coração estão normais
ou não. Pode-se sentir o pulso com facilidade:
· Procurar acomodar o braço do acidentado em posição relaxada.
· Usar o dedo indicador, médio e anular sobre a artéria escolhida
para sentir o pulso, fazendo uma leve pressão sobre qualquer um dos
pontos onde se pode verificar mais facilmente o pulso de uma pessoa.
· Não usar o polegar para não correr o risco de sentir suas próprias
pulsações.
· Contar no relógio as pulsações num período de 60 segundos. Neste
período deve-se procurar observar a regularidade, a tensão, o volume e a
freqüência do pulso.
Existem no corpo vários locais onde se podem sentir os pulsos da
corrente sanguínea.
O pulso radial pode ser sentido na parte da frente do punho. Usar as
pontas de 2 a 3 dedos levemente sobre o pulso da pessoa do lado
correspondente ao polegar, conforme a figura abaixo.
 

O pulso carotídeo é o pulso sentido na artéria carótida que se localiza
de cada lado do pescoço. Posicionam-se os dedos sem pressionar muito
para não comprimir a artéria e impedir a percepção do pulso (Figura 1).
Do ponto de vista prático, a artéria radial e carótida são mais fáceis
para a localização do pulso, mas há outros pontos que não devem ser
descartados. Conforme a Figura 2.
 

Respiração
A respiração é uma das funções essenciais à vida. É através dela que
o corpo promove permanentemente o suprimento de oxigênio necessário
ao organismo, vital para a manutenção da vida.
A respiração é comandada pelo Sistema Nervoso Central. Seu
funcionamento processa-se de maneira involuntária e automática. É a
respiração que permite a ventilação e a oxigenação do organismo e isto só
ocorre através das vias aéreas desimpedidas.
A observação e identificação do estado da respiração de um
acidentado de qualquer tipo de afecção é conduta básica no atendimento
de primeiros socorros. Muitas doenças, problemas clínicos e acidentes de
maior ou menor proporção alteram parcialmente ou completamente o
processo respiratório. Fatores diversos como secreções, vômito, corpo
estranho, edema e até mesmo a própria língua podem ocasionar a
obstrução das vias aéreas. A obstrução produz asfixia que, se prolongada,
resulta em parada cardío-respiratória.
O processo respiratório manifesta-se fisicamente através dos
movimentos ritmados de inspiração e expiração. Na inspiração existe a
contração dos músculos que participam do processo respiratório, e na
expiração estes músculos relaxam-se espontaneamente. Quimicamente
existe uma troca de gazes entre os meios externos e internos do corpo. O
organismo recebe oxigênio atmosférico e elimina dióxido de carbono. Esta
troca é a hematose, que é a transformação, no pulmão, do sangue venoso
em sangue arterial.
Deve-se saber identificar se a pessoa está respirando e como está
respirando. A respiração pode ser basicamente classificada por tipo e
freqüência. O Quadro III apresenta a classificação da respiração quanto ao
tipo.
A freqüência da respiração é contada pela quantidade de vezes que
uma pessoa realiza os movimentos combinados de inspiração e expiração
em um minuto. Para se verificar a freqüência da respiração, conta-se o
número de vezes que uma pessoa realiza os movimentos respiratórios: 01
inspiração + 01 expiração = 01 movimento respiratório.
A contagem pode ser feita observando-se a elevação do tórax se o
acidentado for mulher ou do abdome se for homem ou criança. Pode ser
feita ainda contando-se as saídas de ar quente pelas narinas.
A freqüência média por minuto dos movimentos respiratórios varia
com a idade se levarmos em consideração uma pessoa em estado normal
de saúde. Por exemplo: um adulto possui um valor médio respiratório de
14 - 20 respirações por minuto (no homem), 16 - 22 respirações por
minuto (na mulher), enquanto uma criança nos primeiros meses de vida
40 - 50 respirações por minuto.
 
Fatores fisiopatológicos podem alterar a necessidade de oxigênio
ou a concentração de gás carbônico no sangue. Isto contribui para a
diminuição ou o aumento da freqüência dos movimentos respiratórios. A
nível fisiológico os exercícios físicos, as emoções fortes e banhos frios
tendem a aumentar a freqüência respiratória. Em contra partida o banho
quente e o sono a diminuem.
Algumas doenças cardíacas e nervosas e o coma diabético aumentam
a freqüência respiratória. Como exemplo de fatores patológicos que
diminuem a freqüência respiratória podemos citar o uso de drogas
depressoras.
Os procedimentos a serem observados e os primeiros socorros em
casos de parada respiratória serão estudados a frente.
Pressão Arterial
A pressão arterial é a pressão do sangue, que depende da força de
contração do coração, do grau de distensibilidade do sistema arterial, da
quantidade de sangue e sua viscosidade.
Embora não seja recomendável a instrução a leigos da medição da
pressão arterial com o aparelho, para não induzir a diagnósticos não
autorizados após a leitura, julgamos necessário descrever de maneira
sucinta as características da pressão arterial e a sua verificação.
No adulto normal a pressão arterial varia da seguinte forma:
· Pressão arterial máxima ou sistólica - de 100 a 140 mm Hg
(milímetros de mercúrio).
· Pressão arterial mínima ou diastólica - de 60 a 90 mm Hg.
A pressão varia com a idade, por exemplo: uma pessoa com a idade
entre 17 a 40 anos apresenta a pressão de 140 x 90, já entre 41 a 60 anos
apresenta pressão, de 150 x 90 mm de Hg.
A pessoa com pressão arterial alta sofre de hipertensão e apresenta,
dentro de certos critérios de medição, pressão arterial mínima acima de
95 mm Hg e pressão arterial máxima acima de 160 mm Hg. A pressão
muito baixa (hipotensão) é aquela em que a pressão máxima chega a baixar
até a 80 mm Hg.
No Quadro IV apresentamos exemplos de condições que alteram a
pressão arterial:
 
Uma pessoa com hipertensão deverá ser mantida com a cabeça
elevada; deve ser acalmada; reduzir a ingestão de líquidos e sal e ficar sob
observação permanente até a chegada do médico. No caso do hipotenso,
deve-se promover a ingestão de líquidos com pitadas de sal, deitá-lo e
chamar um médico.

Medição da pressão arterial
Posição da pessoa: Sentada, semi-sentada (reclinada) ou deitada
(esta é a melhor posição):
Material: Esfigmomanômetro e estetoscópio
Técnica:
a) Tranqüilizar a pessoa informando-a sobre a medição de pressão.
b) Braço apoiado ao mesmo nível do coração para facilitar a
localização da artéria braquial.
c) Colocar o manguito ao redor do braço, a cerca de 4 dedos da
dobra do cotovelo. Prender o manguito.
d) Fechar a saída de ar e insuflar até que o ponteiro atinja a marca
de 200 mm Hg. Pode ser necessário ir mais alto.
e) Posicionar o na artéria umeral, abaixo do manguito e ouvir se há
batimentos.
f) Abrir a saída de ar lentamente e ouvir os batimentos regulares
g) Anotar a pressão indicada pelo ponteiro que será a Pressão Arterial
Máxima.
h) A pressão do manguito vai baixando e o som dos batimentos
muda de nítido desaparecendo. Neste ponto deve-se anotar a Pressão
Arterial Mínima. Às vezes o ponto de Pressão Mínima coincide com o
desaparecimento do som dos batimentos.

Sinais de Apoio
 

Além dos sinais vitais do funcionamento do corpo humano, existem
outros que devem ser observados para obtenção de mais informações
sobre o estado de saúde de uma pessoa. São os sinais de apoio; sinais que
o corpo emite em função do estado de funcionamento dos órgãos vitais.
Os sinais de apoio podem ser alterados em casos de hemorragia,
parada cardíaca ou uma forte batida na cabeça, por exemplo. Os sinais de
apoio tornam-se cada vez mais evidentes com o agravamento do estado
do acidentado. Os principais sinais de apoio são:
· Dilatação e reatividade das pupilas
· Cor e umidade da pele
· Estado de consciência
· Motilidade e sensibilidade do corpo
Dilatação e Reatividade das Pupilas
A pupila é uma abertura no centro da íris - a parte colorida do olho
- e sua função principal é controlar a entrada de luz no olho para a formação
das imagens que vemos. A pupila exposta à luz se contrai. Quando há pouca ou quase nenhuma luz a pupila se dilata, fica aberta. Quando a
pupila está totalmente dilatada, é sinal de que o cérebro não está recebendo
oxigênio, exceto no uso de colírios midriáticos ou certos envenenamentos.
A dilatação e reatividade das pupilas são um sinal de apoio importante.
Muitas alterações do organismo provocam reações nas pupilas (Quadro
V). Certas condições de "stress", tensão, medo e estados de pré-choque
também provocam consideráveis alterações nas pupilas.
Devemos observar as pupilas de uma pessoa contra a luz de uma
fonte lateral, de preferência com o ambiente escurecido. Se não for possível
deve-se olhar as pupilas contra a luz ambiente.

 


Cor e Umidade da Pele
 

A cor e a umidade da pele são também sinais de apoio muito útil no
reconhecimento do estado geral de um acidentado. Uma pessoa pode
apresentar a pele pálida, cianosada ou hiperemiada (avermelhada e quente).
A cor e a umidade da pele devem ser observadas na face e nas
extremidades dos membros, onde as alterações se manifestam primeiro
(Quadro VI). A pele pode também ficar úmida e pegajosa. Pode-se observar
estas alterações melhor no antebraço e na barriga. 









Estado de Consciência
 
Este é outro sinal de apoio importante. A consciência plena é o estado
em que uma pessoa mantém o nível de lucidez que lhe permite perceber
normalmente o ambiente que a cerca, com todos os sentidos saudáveis
respondendo aos estímulos sensoriais.
Quando se encontra um acidentado capaz de informar com clareza
sobre o seu estado físico, pode-se dizer que esta pessoa está perfeitamente
consciente. Há, no entanto, situações em que uma pessoa pode apresentar
sinais de apreensão excessiva, olhar assustado, face contraída e medo.
Esta pessoa certamente não estará em seu pleno estado de consciência.
Uma pessoa pode estar inconsciente por desmaio, estado de choque,
estado de coma, convulsão, parada cardíaca, parada respiratória,
alcoolismo, intoxicação por drogas e uma série de outras circunstâncias
de saúde e lesão.
Na síncope e no desmaio há uma súbita e breve perda de consciência
e diminuição do tônus muscular. Já o estado de coma é caracterizado por
uma perda de consciência mais prolongada e profunda, podendo o
acidentado deixar de apresentar gradativamente reação aos estímulos
dolorosos e perda dos reflexos.

Motilidade e Sensibilidade do Corpo
 
Qualquer pessoa consciente que apresente dificuldade ou
incapacidade de sentir ou movimentar determinadas partes do corpo, está
obviamente fora de seu estado normal de saúde. A capacidade de mover
e sentir partes do corpo são um sinal que pode nos dar muitas informações.
Quando há incapacidade de uma pessoa consciente realizar certos
movimentos, pode-se suspeitar de uma paralisia da área que deveria ser
movimentada. A incapacidade de mover o membro superior depois de um
acidente pode indicar lesão do nervo do membro. A incapacidade de
movimento nos membros inferiores pode indicar uma lesão da medula
espinhal.
O desvio da comissura labial (canto da boca) pode estar a indicar
lesão cerebral ou de nervo periférico (facial). Pede-se à vítima que sorria.
Sua boca sorrirá torta, só de um lado.
Quando um acidentado perde o movimento voluntário de alguma
parte do corpo, geralmente ela também perde a sensibilidade no local.
Muitas vezes, porém, o movimento existe, mas o acidentado reclama de
dormência e formigamento nas extremidades. É muito importante o
reconhecimento destas duas situações, como um indício de que há lesão
na medula espinhal. É importante, também, nestes casos tomar muito
cuidado com o manuseio e transporte do acidentado para evitar o
agravamento da lesão. Convém ainda lembrar que o acidentado de histeria,
alcoolismo agudo ou intoxicação por drogas, mesmo que sofra acidente
traumático, pode não sentir dor por várias horas.


Fonte:  Manual de Primeiros Socorros. Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

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